
Entenda como apoiar a saúde mental no trabalho remoto e híbrido do seu time
Descubra os riscos para a saúde mental que existem no trabalho remoto e híbrido e quais cuidados sua empresa deve adotar!
Recursos Humanos
15 minutos de leitura
Por Julia Silva
Última atualização em 13 de março de 2025
As escalas de trabalho são formas de organizar a jornada de trabalho. Para fazer uma boa gestão de pessoas, é preciso conectar as necessidades de operação da empresa com o bem-estar dos colaboradores, considerando sempre as leis trabalhistas vigentes no país.
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é quem rege as escalas mais comuns, como 5x2, 6x1 e 12x36. É ela que vai determinar horários de trabalho, dias de descanso e os intervalos entre as jornadas.
Escolher a escala certa é mais do que uma questão de produtividade, é também uma decisão estratégica que impacta diretamente a qualidade de vida e a satisfação dos colaboradores.
Por isso, neste guia, vamos explicar as principais escalas previstas na legislação, seus impactos na saúde e produtividade e mostrar como escolher o modelo mais adequado para sua empresa. Acompanhe!
As escalas de trabalho servem para que uma empresa organize a jornada de trabalho de diferentes equipes e setores. Com elas, a operação não precisa ser interrompida e as atividades são mantidas.
Além dos horários de trabalho, essas escalas estipulam os dias de descanso e os intervalos entre as jornadas. Por isso, influencia diretamente o bem-estar dos colaboradores.
Mas antes de estabelecer qual o modelo sua empresa adotará, se 5x2, 6x1 ou 12x36, é preciso estar atento à legislação trabalhista vigente no país.
A CLT regulamenta as relações trabalhistas no Brasil e define direitos e deveres dos empregados e empregadores. Então, as escalas de trabalho devem seguir o que é determinado por ela. Só que, em alguns casos, a determinação dependerá de acordos sindicais ou convenções coletivas.
Em resumo, a CLT determina jornadas de trabalho de até 44 horas semanais, com carga horária diária máxima de 8 horas e, pelo menos, um dia de descanso remunerado.
Em 2017, aconteceu uma Reforma Trabalhista para trazer mais flexibilidade às regras e priorizar a negociação direta entre empregador e empregado. Com isso, o colaborador passou a poder negociar diretamente com a empresa alguns aspectos da sua jornada de trabalho.
Dentre as principais mudanças estão:
A legislação trabalhista prevê diversas escalas de trabalho, como a 5x1, 5x2, 6x1, 4x2, 12x36 e 24x48. Cada uma delas é adaptada a diferentes tipos de atividades e setores. Confira os modelos mais comuns!
Nesta escala de trabalho, o colaborador trabalha durante cinco dias consecutivos e descansa no sexto dia. Nela, a jornada diária deve ser de 7h20min, o que totaliza 44 horas semanais.
A escala 5x1 é um modelo de jornada de trabalho mais comum em setores que operam de forma contínua, como operadores de telemarketing, serviços de segurança ou da área da saúde.
Para que os horários sejam cumpridos sem lacunas e operações interrompidas, são necessários, pelo menos, três colaboradores por função.
O benefício dessa escala é a melhor distribuição do descanso semanal. No entanto, o desafio para a saúde física, mental e bem-estar do colaborador é que a folga semanal não tem dia fixo, portanto, nem sempre irá coincidir com o domingo.
A escala 5x2 é chamada de escala comercial, sendo a mais usual, na qual o trabalhador atua por cinco dias e descansa por dois, normalmente aos finais de semana. A jornada diária é de 8h48min, com total de 44 horas semanais.
Normalmente, os setores que mais adotam este tipo de escala são escritórios, empresas que não operam aos finais de semana, escolas e universidades.
A vantagem dessa escala é a regularidade do descanso aos finais de semana. Entretanto, em períodos de maior demanda, pode ser necessário compensar esse descanso com horas extras. Também vale citar que a escala 5x2 presencial, o tempo de deslocamento diário, especialmente durante os horários de pico, pode gerar desgaste significativo.
Na escala 6x1, o trabalhador tem seis dias de trabalho consecutivos para um dia de folga. Além disso, é garantido um domingo de descanso a cada sete semanas. Para cumprir 44 horas de trabalho semanal, deve-se cumprir 7h20min diárias.
Esse tipo de escala é mais comum em setores que precisam operar todos os dias da semana, como comércio, shoppings, transporte e restaurantes.
Nesse regime de trabalho, a operação permanece ininterrupta, ou seja, não é preciso parar as atividades durante os finais de semana. No entanto, ela pode gerar desgaste físico e mental ao trabalhador devido à limitação de folgas.
Nos últimos tempos, movimentos organizados junto à deputada federal Erika Hilton iniciaram a mobilização pelo fim da escala 6x1, com o argumento de que esse modelo de trabalho compromete o bem-estar dos profissionais, propondo, então, a jornada 4x3, que inclui três dias de descanso semanais.
Segundo os defensores do projeto, essa mudança tende a aumentar a produtividade e proporcionar maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. A demanda se tornou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), porém continua em fase de discussão no Congresso Nacional.
A escala 4x2 é a menos comum. Nela, o trabalhador atua por quatro dias e folga por dois dias. Porém, para alcançar as 44 horas semanais, cada jornada precisa ter duração de 11 horas. Ao fim do mês, o colaborador terá 20 dias trabalhados e 10 dias de descanso.
Essa jornada só é permitida se for prevista pelo sindicato da categoria ou mediante a convenções coletivas.
Esse modelo é adotado por setores que requerem jornadas diárias mais longas, a fim de atender à demanda, como: setor de alimentos, postos de gasolina, ramo de limpeza e manutenção, hotelaria e hospedagem, serviços de transporte, cinemas e parques.
O benefício desta escala é o maior equilíbrio entre trabalho e descanso, porém este é um modelo difícil de implementar em equipes pequenas.
A escala 12x36 consiste em 12 horas de trabalho consecutivas seguidas de 36 horas de descanso. Esse tipo de jornada é muito comum em setores que precisam de uma cobertura 24 horas, como hospitais, vigilância e segurança.
Este modelo permite um longo período de descanso, portanto, ela promove flexibilidade e, na maior parte das vezes, facilita o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
No entanto, os longos turnos de trabalho tendem a causar maior fadiga no colaborador.
A Reforma Trabalhista de 2017 permitiu maior flexibilidade para adoção dessa escala. Ou seja, é possível firmar acordos individuais, sem a necessidade de negociação coletiva.
A escala de trabalho 24x48 não é muito utilizada por se tratar de uma jornada extensa, porém quando adotada, é mais comum em áreas que demandam prontidão no atendimento. Nesse modelo, o funcionário trabalha por 24 horas seguidas e, após isso, tem uma folga de 48 horas.
Em setores como hospitais, segurança, praças de pedágio, bombeiros e polícia é mais comum encontrar este formato de trabalho.
Essa escala tem respaldo legal, porém pode ser utilizada apenas mediante convenção coletiva ou acordo sindical.
A possibilidade de ter folgas mais longas é um ponto positivo para que o trabalhador equilibre o trabalho com os outros aspectos da vida, pois é a escala que proporciona mais tempo livre. No entanto, a jornada extensa exige um bom preparo físico e mental.
Cada escala de trabalho vai afetar o bem-estar físico e mental dos colaboradores de formas diferentes.
Enquanto algumas oferecem mais flexibilidade e folgas, o que tende a melhorar a saúde mental e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, modelos de trabalho mais intenso podem gerar fadiga, aumentar o risco de acidentes de trabalho ou até mesmo o risco de burnout.
Segundo uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Autonomy, com 61 empresas de diferentes setores, a redução da jornada de trabalho resultou em satisfação entre patrões e funcionários, além do aumento da produtividade.
O estudo experimentou uma jornada de trabalho de quatro dias e, após o experimento, 92% das empresas participantes decidiram manter a jornada de trabalho reduzida.
A professora da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP, Maria Hemília Fonseca, observou nesta pesquisa que:
“O que se verificou nesse estudo feito na Inglaterra é que de fato existem benefícios em reduzir a jornada de trabalho. Além de comprovar que a produtividade não foi afetada, os ganhos, principalmente em segurança do trabalho e na saúde dos trabalhadores, são muito grandes. Houve uma melhora na saúde mental dos funcionários, com redução de casos de estresse e burnout, por exemplo.”
Entretanto, afirma que a redução da jornada de trabalho também tem desvantagens:
“As desvantagens também estão presentes, algumas empresas alegam aumento dos custos de operação e consequentemente a redução da competitividade com concorrentes que não adotam essa jornada e, consequentemente, vendem mais barato.”
Confira alguns passos sugeridos para criar uma escala de trabalho para o seu negócio que atenda às necessidades operacionais e também considere a satisfação do seu quadro de colaboradores.
Para definir o modelo ideal, considere os seguintes passos:
Dica extra: atente-se ao compliance e aos acordos coletivos. A escala de trabalho deve seguir as normas da categoria para evitar problemas com a lei ou até mesmo pagamento de multas.
Como apresentamos neste guia, a escolha e a gestão humanizada das escalas de trabalho são importantes para equilibrar as necessidades da empresa com o cuidado aos colaboradores. Uma escala bem planejada melhora a produtividade, reduz o absenteísmo e promove um ambiente de trabalho mais saudável.
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Confira abaixo as respostas para as principais dúvidas sobre o tema.
Quais escalas de trabalho são permitidas pela CLT?
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) permite diferentes tipos de escalas, como 5x1, 5x2, 6x1, 4x2, 12x36 e 24x48. No entanto, algumas dessas escalas podem exigir acordos ou convenções coletivas para serem aplicadas.
Escalas de trabalho podem ser flexíveis?
Sim, as escalas de trabalho podem ser adaptadas, desde que respeitem os limites estabelecidos pela legislação trabalhista. Além disso, deve haver um acordo entre a empresa e o colaborador, garantindo que a flexibilidade atenda às necessidades de ambos e esteja devidamente formalizada.
Qual é a melhor escala para reduzir absenteísmo?
A escolha da melhor escala para reduzir absenteísmo depende do setor e da carga de trabalho. No entanto, escalas que oferecem mais flexibilidade, como a 5x2 e a 12x36, tendem a ser úteis para este objetivo, pois permitem períodos mais longos de descanso.
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