
Entenda como apoiar a saúde mental no trabalho remoto e híbrido do seu time
Descubra os riscos para a saúde mental que existem no trabalho remoto e híbrido e quais cuidados sua empresa deve adotar!
Recursos Humanos
14 minutos de leitura
Por Julia Silva
Última atualização em 12 de março de 2025
Cuidar da saúde emocional no ambiente de trabalho não é mais opcional — é uma urgência. Ao investir no bem-estar dos colaboradores, o Retorno Sobre Investimento (ROI) de programas de saúde mental vai muito além dos números: cresce a produtividade, reduzem-se custos e fortalece-se uma cultura organizacional mais acolhedora.
Neste conteúdo, vamos mostrar como essas iniciativas criam valor que supera métricas financeiras e trazem resultados palpáveis para todos os envolvidos.
Queremos inspirar você a entender por que, hoje, investir em saúde mental é uma estratégia inteligente para líderes e gestores de RH, por ser capaz de transformar o ambiente de trabalho e o próprio futuro da empresa. Veja!
O Retorno Sobre Investimento é uma métrica utilizada para medir o impacto financeiro de investimentos feitos pela empresa. O ROI da saúde mental, especificamente, avalia o retorno financeiro de programas de saúde mental.
Esse cálculo leva em consideração indicadores como:
O cálculo do ROI de programas de saúde mental é um dos argumentos para justificar este investimento para CHROs e CEOs que querem atuar de forma mais estratégica. Com isso, os gestores terão uma base sólida de informações para justificar novas implementações voltadas ao bem-estar.
Um estudo da ISMA-BR aponta que o Brasil é o segundo país com os trabalhadores mais estressados do mundo. O estudo registrou 72% de brasileiros irritados no trabalho.
Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS), junto a Organização Internacional do Trabalho (OIT), revelam que, anualmente, cerca de 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos devido à depressão e ansiedade, o que resulta em um impacto econômico de US$1 trilhão por ano.
Esses dados revelam uma realidade preocupante que, ao mesmo tempo, desponta como uma oportunidade: de acordo com a Harvard Business Review, a cada R$1,00 investido em programas de saúde emocional, o retorno pode ser de R$3,68.
Apesar disso, o ROI não deve ser o único fator determinante.
Além do impacto financeiro, os benefícios podem incluir aspectos paralelos nitidamente positivos para as organizações, como ganho de engajamento da equipe, aumento de retenção de talentos e fortalecimento da marca, já que empresas comprometidas com saúde mental são vistas como locais desejáveis para construir uma carreira.
No nível da gestão, esses benefícios também ajudam a criar um ambiente corporativo mais saudável. O cuidado com o bem-estar impacta os líderes positivamente, por exemplo, que se tornam mais preparados para lidar com os desafios do negócio e de cada colaborador.
Outro benefício importante é a redução do impacto emocional negativo causado por desligamentos. Quando colaboradores recebem suporte mental, são mais propensos a sair de forma planejada e construtiva, caso seja necessário, preservando o relacionamento com a organização.
A falta de investimentos nessa área pode resultar em afastamentos por motivos de saúde física ou mental, o que fará com que a empresa precise criar uma nova estratégia para substituir o funcionário ou deixar a equipe sobrecarregada, além de não manter uma constância nas realizações de atividades por conta da rotatividade de colaboradores.
O retorno destes investimentos nem sempre se manifesta de forma direta e mensurável em termos financeiros. O impacto de programas de saúde mental vai além de números, seus resultados são multifacetados e vistos também na cultura organizacional.
Assim como ressalta o Dr. Leandro Muller, médico do trabalho e gerente de saúde e segurança LATAM na Clariant, durante sua fala no programa ElevaTalks:
“Quando eu falo em retorno, nem sempre esse retorno é um retorno financeiro direto e demonstrável. Acho que ter essa conversa com a gestão da empresa também é um pouco delicado, porque muitas vezes em outras áreas você pode ter programas, desenvolvimentos e ações que geram retorno financeiro mais claro, mais direto. E quando você fala em saúde, nem sempre".
Por isso, para mensurar os impactos de forma mais completa, adote indicadores complementares ao ROI financeiro. Considere os seguintes aspectos.
Investimentos em saúde mental resultam em equipes mais envolvidas e satisfeitas, que conseguem conciliar a vida profissional e pessoal.
São métricas como a taxa de participação em treinamentos, satisfação com as iniciativas e feedback de colaboradores que mostram como os programas aumentaram o compromisso e a identificação com a empresa.
Além disso, empresas que priorizam a saúde mental costumam registrar um aumento na participação voluntária dos colaboradores em iniciativas internas, como programas de desenvolvimento, comitês de diversidade ou ações de responsabilidade social corporativa, essencial para organizações que querem ser atuantes na agenda ESG, por exemplo.
Ausências frequentes refletem o absenteísmo, enquanto o presenteísmo surge quando o colaborador está no trabalho, mas não consegue produzir por falta de bem-estar.
Esse indicador pode ser medido por meio da observação de melhora no desempenho em dias de trabalho.
Faltas, atrasos, saídas adiantadas ou distanciamento mental do colaborador durante o expediente de trabalho, podem comprometer a produtividade das equipes.
Além disso, colaboradores emocionalmente desgastados têm maior probabilidade de apresentar lapsos de atenção e desempenho abaixo do esperado, o que afeta os resultados coletivos. Um ambiente que valoriza a saúde mental minimiza essas ocorrências.
Com colaboradores mentalmente saudáveis, os processos se tornam mais intuitivos, diminuem retrabalhos e fortalecem a capacidade da equipe de atingir metas desafiadoras com maior consistência.
Portanto, observe se houve redução na frequência de ausências da equipe para avaliar o resultado dos programas.
Além dos benefícios individuais, programas de saúde mental criam culturas inclusivas e contribuem para a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores.
Aqui, indicadores mais abstratos vão denominar o impacto de seus programas, como diminuição da rotatividade, redução dos níveis de estresse, aumento da colaboração entre equipes e contenção de conflitos.
A preocupação com a saúde mental é indispensável para a construção de uma marca empregadora. Empresas que promovem bem-estar são vistas como locais ideais para trabalhar, portanto, impactam diretamente a atração e retenção de talentos.
Além disso, colaboradores que percebem um compromisso genuíno com sua saúde mental tendem a se tornar mais fiéis à marca, o que fortalece a reputação da organização no mercado.
Um corpo profissional desequilibrado emocionalmente trará prejuízos à produtividade e, consequentemente, ao faturamento da empresa. Ao longo prazo, poderá afetar também a reputação frente a clientes, parceiros e talentos potenciais.
Mesmo com restrições orçamentárias, é possível implementar programas de saúde mental. Nesse contexto, é possível pensar em iniciativas com ações de baixo custo, com foco na conscientização sobre a importância do bem-estar psicológico no ambiente de trabalho, por exemplo.
O primeiro passo para isso é identificar o estágio de maturidade organizacional em relação à saúde mental.
A partir disso, planeje ações mais alinhadas à realidade da organização, aos principais desafios enfrentados e à cultura da empresa.
No estágio de conscientização, as empresas ainda não medem os KPIs dos programas, não compreendem a importância de um programa estratégico estruturado e não conhecem seus impactos.
Nesta fase, as empresas oferecem soluções isoladas, como palestra de conscientização no “Setembro Amarelo”, mas não investem em ações conectadas.
Para iniciar o processo de amadurecimento, uma possibilidade é investir em treinamentos aos gestores, capacitando-os para reconhecer sinais de sofrimento psicológico e adotar uma postura de apoio para as suas equipes.
Além disso, a integração da saúde mental nos processos de feedback e avaliação de desempenho, por exemplo, pode garantir que o tema seja tratado de forma contínua e não apenas em situações de crise ou em datas que esses temas estejam em evidência.
No estágio de estratégia, as organizações já têm programas táticos de saúde mental, existem KPIs de negócios atrelados ao tema e calculam o ROI de investimentos.
Nesse processo, começam a incorporar a saúde mental na cultura organizacional de maneira proativa. Isso envolve a criação de políticas permanentes, como programas de apoio psicológico e acompanhamento de indicadores relacionados à saúde mental.
Investimentos em benefícios focados em promover a saúde mental, como as que oferecem acesso a plataformas de apoio psicológico online, também são uma opção viável.
No estágio de reinvenção, as empresas pensam em novos modelos de trabalho, criam novos designs organizacionais e recriam a forma de liderar pessoas.
Aqui, a saúde mental está no centro da discussão e da geração de valor do negócio.
Nessa fase, a empresa já entende que o bem-estar psicológico impacta diretamente na performance organizacional e, por isso, adota ações integradas, preventivas e de longo prazo.
Para empresas iniciantes, criar um comitê interno de bem-estar pode ser uma abordagem interessante para alcançar bons resultados com um time envolvido. Esse comitê deve reunir representantes de diferentes áreas para debater e propor iniciativas alinhadas às necessidades reais dos colaboradores.
Na prática, ajuste estruturas e processos internos para priorizar saúde mental, como:
Empresas cujo orçamento é limitado podem começar com pequenas iniciativas, que resultarão em impactos positivos.
Busque explorar os benefícios já existentes na empresa, como renegociar com planos de saúde para incluir consultas de psicoterapia. Outra possibilidade é promover iniciativas internas como palestras, rodas de conversa, momentos de descompressão e campanhas de conscientização sobre a importância da saúde mental.
Crie canais de comunicação abertos para que colaboradores se sintam mais confortáveis para compartilhar dificuldades e preocupações sem preocupação com possíveis julgamentos.
Adicionalmente, considere parcerias com instituições de ensino ou organizações voltadas para promoção de saúde mental que possam oferecer serviços a preços reduzidos.
Encarar o cuidado emocional como estratégia, e não como custo, faz toda a diferença. Ao colocar o bem-estar em primeiro plano, sua empresa cria uma cultura mais humana, impulsiona a inovação e fortalece os laços entre as pessoas.
Quando profissionais saudáveis se sentem ouvidos e apoiados, o ROI de programas de saúde mental vai além dos números: surgem relações de confiança, maior engajamento e uma resiliência organizacional que prepara a empresa para desafios futuros.
Gostou do nosso conteúdo? Então, aproveite para saber mais sobre os benefícios corporativos essenciais para a saúde dos colaboradores.
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