
Entenda como apoiar a saúde mental no trabalho remoto e híbrido do seu time
Descubra os riscos para a saúde mental que existem no trabalho remoto e híbrido e quais cuidados sua empresa deve adotar!
Recursos Humanos
16 minutos de leitura
Por Julia Silva
Última atualização em 11 de abril de 2025
Para Marshall Rosenberg, o desenvolvedor da Comunicação Não Violenta (CNV), essa é uma abordagem que surgiu não só para evitar conflitos, mas para fortalecer a empatia, a interação entre os funcionários e proporcionar um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
O tema é cada vez mais urgente, afinal, a comunicação é uma das chaves do sucesso em qualquer empresa.
Neste texto, vamos explicar o que é Comunicação Não Violenta, quais são os benefícios e como o RH pode implementar essa cultura no dia a dia corporativo, de forma prática e objetiva. Vem com a gente!
Marshall Rosenberg criou o termo em 1960 e defendeu que a Comunicação Não Violenta deve ser transparente, consciente, empática e sem ofensas.
Não por acaso, o ambiente de trabalho é um dos locais onde essa prática faz toda a diferença.
A Comunicação Não Violenta (CNV) constrói pontes entre as pessoas ao promover escuta ativa, empatia e clareza, e transforma a maneira como equipes e líderes se relacionam.
Quando a voz de cada colaborador é ouvida e valorizada, a CNV se consolida como uma ferramenta que resolve inúmeros problemas, mas também fortalece as conexões humanas e cria um clima de confiança.
No ambiente corporativo, a CNV é especialmente útil para lidar com desafios complexos. Ao dar feedbacks construtivos, mediar conflitos e melhorar a comunicação interna, as organizações conseguem alinhar expectativas, minimizar desgastes e gerar mais engajamento.
Vale dizer, ainda, que essa estratégia é aplicada na comunicação verbal (escrita ou falada) e também na comunicação não verbal (gestos, expressões faciais e corporais, imagens ou códigos).
A CNV é dividida em quatro pilares, que são: observação, sentimentos, necessidades e pedidos.
Nos exemplos abaixo, veja medidas práticas sobre como utilizá-los no dia a dia.
A observação é a primeira parte de uma comunicação não violenta. Ela consiste em analisar uma situação sem adicionar interpretações, julgamentos ou juízos de valor.
Na prática, o interlocutor deve mediar a resolução do conflito sem criticar, trocando, por exemplo, “Você nunca entrega nada no prazo” por “Notei que as últimas entregas foram realizadas após o prazo combinado”.
Já a identificação e expressão de sentimentos deve ser baseada em uma comunicação honesta e respeitosa, sem reprimir os sentimentos ou julgá-los como fraqueza. Afinal, não comunicar o problema não fará com que ele desapareça.
No contexto de gestão de pessoas, essa abordagem é especialmente útil em feedbacks ou conversas difíceis. A ideia é criar espaço para um diálogo aberto, o que permite que todos entendam o que está acontecendo e trabalhem juntos em soluções efetivas.
Veja alguns exemplos de frases úteis para aplicar esse pilar da CNV:
Reconhecer as necessidades é o terceiro pilar da CNV. Ter clareza sobre o que foi solicitado pelo emissor certamente otimiza o percurso da comunicação.
Por exemplo, em vez de supor o que a equipe e outras lideranças esperam de uma iniciativa interna, pergunte abertamente quais resultados desejam alcançar ou quais pontos consideram prioritários.
Assim, você cria um ambiente mais transparente e direcionado a soluções práticas, que valoriza a escuta de necessidades e usa essas informações de forma pragmática.
O último pilar é a formulação de pedidos diretos e objetivos, para evitar interpretações ambivalentes.
Na prática, isso pode ser comunicado de forma transparente, substituindo “Por favor, me envie suas sugestões quando puder” por “Gostaria que você revisasse o documento e adicionasse seus comentários até sexta-feira”.
A aplicação da CNV no ambiente corporativo resulta em benefícios qualitativos e quantitativos, que atingem a produtividade, o clima organizacional e até os resultados financeiros.
Aqui estão alguns exemplos de CNV no trabalho que geram resultados no dia a dia.
Além de bons salários, os colaboradores buscam cada vez mais organizações que estejam alinhadas com os seus propósitos pessoais.
Desenvolver-se profissionalmente em uma empresa que tem uma cultura de comunicação que não incentiva as diversas formas de violência cotidianas dá ao funcionário a sensação de pertencimento e valorização.
Seguindo essa premissa, indicadores como a taxa de turnover e o Employee Net Promoter Score (eNPS) costumam melhorar quando a CNV é implementada como parte da cultura.
Indiretamente, a melhoria dessas métricas impulsiona outras, como a redução de custos com demissões e contratações, por exemplo.
Além de minimizar o risco de atritos pontuais, a CNV incentiva a construção de relações pautadas pela empatia e pelo respeito, o que se reflete em indicadores tangíveis e estratégicos.
Isso pode ser medido por indicadores como taxa de absenteísmo, tempo médio de resolução de conflitos e quantidade de denúncias de assédio moral.
A Comunicação Não Violenta ajuda as empresas a criar um terreno fértil para relações mais genuínas e engajadas, para que o RH, gestores e colaboradores passem a caminhar na mesma direção, com os mesmos valores como guias.
Esse alinhamento não é apenas teórico: mostra-se em pesquisas de clima mais positivas, maior adesão a treinamentos e iniciativas colaborativas que, antes, não tinham tanto espaço ou comprometimento por parte dos stakeholders.
Essa mudança de perspectiva é o que fortalece a cultura organizacional, consolidando-a como um ecossistema de escuta ativa, apoio mútuo, abertura ao diálogo e senso de pertencimento.
Alguns indicadores financeiros que podem ser indiretamente influenciados pela CNV incluem:
É preciso criar um planejamento para alinhar a comunicação estratégica e os valores culturais da empresa.
Para facilitar esse processo, aqui vão algumas dicas.
O RH precisa desenhar esse projeto e avaliar, primeiramente, como inseri-lo na capacitação dos gestores e funcionários. Com workshops e treinamentos, os colaboradores desenvolverão habilidades como escuta ativa, observação sem julgamento e identificação de necessidades.
Ao adotar essa nova metodologia, o RH contribui para que as lideranças tenham as habilidades necessárias para conduzir a resolução de conflitos, ter empatia com os funcionários e aplicar feedbacks construtivos.
Para medir a efetividade dos treinamentos, aplique feedbacks pós-evento e eNPS para clima interno.
A CNV também pode ser aplicada nos processos de gestão. Com a padronização, fica mais fácil seguir seus direcionamentos.
A dica é criar templates e frameworks baseados nos pilares da CNV para feedbacks, reuniões 1on1 e relatórios de desempenho, o que facilita a adoção em massa.
O RH é um importante suporte nesse contexto. O setor pode, por exemplo, criar um modelo de feedback que oriente o líder a descrever a situação de forma objetiva, identificar os sentimentos envolvidos, reconhecer as necessidades não atendidas e sugerir um pedido claro.
Da mesma forma, pode também elaborar um checklist para reuniões periódicas, com a definição de momentos específicos para ouvir cada membro da equipe e validar suas preocupações.
Um gestor poderia dizer, sem aplicar a CNV, frases como: "Você não atingiu as metas porque é desorganizado" ou “Você não é capaz de desenvolver esse trabalho com a qualidade que precisamos”.
Além de criar um clima organizacional ruim e dificultar a relação entre líderes e liderados, esse tipo de comportamento pode resultar em queixas de assédio moral.
Com a CNV, a forma de repassar essas observações em uma sessão de feedback muda, aplicando mais empatia e objetividade.
Com a aplicação da CNV, portanto, o gestor poderia reformular:
"Notei que as últimas metas não foram alcançadas (observação). Senti preocupação (sentimento), pois acredito que a gestão do tempo pode ser um desafio, e os prazos estão apertados (necessidade). Vamos revisar juntos o seu planejamento para as próximas semanas, para garantir que entregaremos tudo a tempo? (pedido)."
A Comunicação Não Violenta só funciona quando sai da teoria e gestores e colaboradores a incluem em suas rotinas diárias.
Para colocar a mão na massa, é importante que essa estratégia seja reforçada em:
A implementação da CNV — em qualquer ambiente, especialmente o corporativo — requer um acompanhamento contínuo, para que as suas diretrizes funcionem.
Para avaliar o impacto, utilize indicadores claros e objetivos. Algumas métricas sugeridas são:
Esses indicadores, quando acompanhados regularmente, permitem não apenas mensurar o impacto da CNV, mas também identificar pontos de melhoria e ajustar as estratégias.
Embora a Comunicação Não Violenta ofereça diversos benefícios, sua aplicação prática pode ser desafiadora no ambiente corporativo. Entre os obstáculos mais comuns estão os julgamentos involuntários, a resistência cultural e a dificuldade em expressar sentimentos e necessidades de maneira clara.
Para vencer esses desafios, o autoconhecimento é um elemento importante. Incentivar que todos reconheçam os próprios padrões de comunicação e busquem uma postura mais reflexiva sobre eles é essencial.
Por isso, disponibilize treinamentos para os funcionários e incentive a busca por terapia, que é uma das principais ferramentas de autoconhecimento.
Além disso, é importante promover uma cultura organizacional que valorize a prática contínua e o acompanhamento de resultados, a fim de que as mudanças se consolidem ao longo do tempo.
Para incorporar essa abordagem ao cotidiano corporativo, considere as seguintes práticas:
Ao adotar a CNV, as empresas dão um passo concreto rumo a relações de trabalho mais saudáveis e construtivas, em que feedbacks justos e focados em melhorias substituem antigas tensões.
Quando praticada de forma consistente, a Comunicação Não Violenta fortalece o senso de parceria, incentivando equipes engajadas, lideranças mais humanas e resultados que se alinham às estratégias da organização. Esse movimento melhora o bem-estar dos colaboradores, enquanto impulsiona indicadores de sucesso de maneira sustentável. Coloque essa transformação em prática!
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